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GALERIA MACEIÓ (Fotos Antigas)




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Povoamento de Maceió


(Imagem 1/6)

Maçai-o-ok, Massayó ou Massaya?


Tradução  "o que tapa o alagadiço"


 Durante séculos o mar e os rios Mundaú e Paraíba do Meio trouxeram areia, pedras e vegetais, que naturalmente se acumularam na desembocadura dos rios junto ao mar, surgindo às lagoas Mondaí (Lagoa do Norte ou Mundaú) e Paraigera (Lagoa do Sul ou Manguaba). Os índios chamavam de Maçai-o-ok, a imensa faixa de terra  "que tapou o alagadiço" (fenômeno de restinga).


O povoado de Maceió nasceu no páteo de um engenho colonial, sem ter a sua origem conhecida; o engenho Massayó também não tinha o seu assentamento autorizado. Baleos não assinalou em seus mapas a existência de habitação no ponto da costa da capitania de Pernambuco, governada por Duarte Coelho Pereira, onde está localizada a cidade de Maceió. Diante do ancoradouro da Pajuçara, seguindo a praia, havia um imenso deserto. Um documento público datado de 1611 já faz referência a uma casa com telhas em Pajuçara, na propriedade pertencente a Manuel Antônio Duro, sesmaria doada por Diogo Soares, alcaide-mor da vila das Alagoas (Marechal Deodoro). A escritura de doação da sesmaria de Pajuçara data de 25 de novembro de 1611, indicando de que antes da invasão holandesa em 1609, já havia uma habitação definitiva em Pajuçara, pertencente a Manuel Antônio Duro.


Manoel Antônio Duro se perpetuou na história, por conta da escritura oficial de doação da sesmaria de Pajuçara, datado de 1611, como também de um documento pertencente ao Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, datado de 1679, relativo à recusa de auxilio às obras da cadeia da vila das Alagoas (Marechal Deodoro), após 68 anos da doação da sesmaria de Pajuçara; Manoel Antônio Duro está entre os segnatários. No documento também constam às assinaturas de A. Duro de Távola, Francisco Duro Romão e Pedro Afonso Duro (padrinho de Calabar). A família Duro tinha influencia na capitania; os Duros localizavam-se principalmente na vila das Alagoas (Marechal Deodoro). Manoel Antônio Duro situou-se na costa de Pajuçara, nas terras que futuramente lhe foram doadas e que segundo Melo Morais, antes tinham dono, Manuel de Tal, cujo nome completo ele não pode decifrar na escritura de doação da sesmaria de Pajuçara. Tudo indica que posteriormente a sesmaria de Manoel Antônio Duro foi transferida para o capitão Apolinário Fernandes Padilha, um antigo proprietário de terras em Maceió. Ele fez transladar para o livro de notas do tabelião Barnabé do Couto Lemos, a escritura de doação em nome de Diogo Soares da Cunha e seu filho Gabriel Soares de Pina, em julho de 1708.


Após os violentos combates que despovoaram a capitania, foram expulsos os holandeses; ao mesmo tempo, foram adotadas novas orientações em relação à colonização, cessando-se a autoridade dos donatários. A nova ordem era resguardar a grande costa pernambucana, principalmente nos pontos indispensáveis à presença militar. A fortificação do porto de Jaraguá e a povoação das Alagoas e ilhéus dos Açores foi ordenada pelo rei de Portugal, em 1673. Na época, o governador da província, Visconde de Barbacena, mais preocupado com as minas de prata que lhe deram diversos problemas, não se preocupou com as medidas defensivas que lhe foram ordenadas; militarmente tudo continuou como antes, até quase um século e meio depois, no governo de Melo e Povoas.


Durante a invasão holandesa estavam em desenvolvimento os três principais núcleos populacionais de alagoas: ao norte, Bom Sucesso (Porto Calvo); ao centro, Santa Maria Madalena da Alagoa do Sul (Marechal Deodoro) e, ao sul, Penedo do Rio São Francisco (Penedo). Em 1635, Mathias de Albuquerque, ao ser substituído pelo malogro Rojas Borjas na chefia do exercito, antes de partir para Europa, no dia 12 de abril deu-lhes a franquia de vila, em gratidão à grande ajuda prestada na luta holandesa. Em torno desses locais, desenvolveram – se, desordenadamente, vários povoados; esses burgos foram fundamentais para a formação das Alagoas. Santa Luzia do Norte, à margem da lagoa do Norte (Mundaú), é contemporânea dessa época de formação geográfica, do crescimento social e econômico do território alagoano. Segundo a lenda popular, um cego se estabeleceu próximo à embocadura do rio Mundaú e invocando a misericórdia da santa protetora dos deficientes visuais, fundou o povoado.


A história firma a doação em 1610, de Diogo Gonçalves Vieira a Antônio Martins Ribeiro, de uma légua de terra com a condição de fundar um engenho e de povoar suas terras. Antônio Martins Ribeiro cumpriu a condição imposta. Durante a guerra holandesa, já se estabeleciam na região três engenhos de açúcar, o Santo Antônio, à margem do riacho Satuba; o Nossa Senhora d´Ajuda e o Nossa Senhora da Encarnação, ambos à margem do rio Mundáu, Em todos havia capelas. O povoado de Santa Luzia do Norte resistiu bravamente à invasão holandesa. Tudo indica que depois da restauração do povoado de Santa Luzia do Norte, é que deve ter tido inicio a povoação de Maceió, em torno do engenho de açúcar Massayó, que existiu, onde está localizada a praça Dom Pedro II, no centro de Maceió. Segundo antigos historiadores, deve ter sido alguém de Santa Luzia do Norte que fundou o engenho Massayó, à margem do antigo riacho Massayó. O antigo engenho não deixou registro algum; o local era exatamente o da escritura de 1611, na sesmaria de Manuel Antônio Duro, com oitocentas brasas de costa e fundos, até encontrar o rio Mundaú.


Entre outros sesmeiros que se estabeleceram, está Apolinário Fernandes Padilha, que constituiu o patrimônio de Nossa Senhora dos Prazeres em 1762, doando lhe os terrenos de sua propriedade. A antiga capela de Nossa Senhora dos Prazeres deve ter sido contemporânea do engenho Massayó. Antes da renovação era consagrada a São Gonçalo e pertencente ao padre Antônio Ferreira da Costa, que no ano de 1782, a doou para seu afilhado, Bento Ferreira da Costa. Até 1850, quando demolida, a capela existiu como matriz, tendo sua aparência original já modificada. Do engenho Massayó, foram encontrados vestígios em 1850, citado pelo cronista Cláudio Jaime, em uma memória sobre a matriz. Segundo a escritura de doação de 1817, o padre Antônio Ferreira da Costa era dono da capela, do sitio Massayó e das casas de telhas existentes no local. A escritura de 1817 não faz referencia ao engenho Massayó, mas certamente foi ele o responsável pela povoação de Maceió, com seus longos caminhos que ligavam à velha fabrica de açúcar à lagoa do Norte (Mundaú) e ao vale do Mundaú. Marginando o litoral, o ligava à capital da capitania (Recife), pela cidade de Porto Calvo e povoados circunvizinhos. Essa ultima era a estrada que desembocava no Poço.


O engenho localizava-se no sopé do planalto Jacutinga, ao descambar da ladeira à capela, seguindo a falda do monte, á margem do riacho Massayó, com um pântano próximo à restinga, onde o riacho desaguava. Posteriormente, foi aterrada pelo homem e pela ação do próprio riacho; essa área ficou conhecida como Boca de Maceió, e sobre ela foram construídas várias ruas. A conhecida ladeira da Catedral foi cavada em 1851, para dar acesso ao planalto, onde o presidente da província, José Bento (o velho), mandou construir o antigo farol e a Casa de Pólvora, que foi transformada na atual igreja de São Gonçalo, dedicada ao primeiro padroeiro do povoado. A escolha do local onde se firmou o engenho Massayó, se deu certamente pela proximidade do ancoradouro de Jaraguá, que se expandia até a enseada de Pajuçara. O ancoradouro de Jaraguá era freqüentado por corsários franceses, que procuravam fazer contato comercial com habitantes de Santa Luzia do Norte, pois Santa Maria Madalena da Alagoa do Sul (Marechal Deodoro), tinha maior vigilância, não sendo propicio ao contrabando pelo porto do Francês; por esse motivo, foi sugerido pela metrópole, que o governador geral Visconde de Barbacena fortifica-se o porto de Jaraguá. A facilidade de acesso ao porto de Jaraguá permitia a saída do açúcar e dos demais produtos, sem grandes despesas de transporte.


Com a chegada de aventureiros vindos de várias partes da capitania, atraídos pela agricultura e pelo comércio, a sesmaria de Manuel Antônio Duro foi conforme o desenvolvimento do povoado, se constituindo em pequenas propriedades rurais, que mais tarde se transformaram em propriedades urbanas; os sítios deram lugar às construções das vias públicas e dos prédios marginais. Esse processo de povoação foi se desenvolvendo ao redor do antigo engenho Massayó. O povoado crescia e na entrada do comércio surgiam construções primitivas que acompanhavam os caminhos tortuosos. Foi com o recuo da população rural, que a parti daí se localizou a estrada do Poço até Pioca; ao norte e ao sul se fixava caminho afora, até chegar à lagoa do Norte (Mundaú), também rumando em direção ao vale do Mundaú.


O capitão Apolinário Fernandes Padilha, documentadamente, foi o mais antigo proprietário de terras em Maceió. Fez transcrever, em 1708, nas notas do tabelião Barnabé do Couto Lemos, a escritura de doação da sesmaria de Manuel Antônio Duro, datada de 1611. Após a morte do capitão Apolinário Padilha, foi movida uma ação judicial pelo alferes Antônio Fernandes Teixeira e sua esposa Maria de Aguiar, que lhe tomaram o sítio do Poço, propriedade doada pelos vencedores na demanda, chamada Nossa Senhora dos Prazeres. Outro importante proprietário de terras foi o padre Antônio Ferreira da Costa, dono do antigo sitio Massayó, que foi doado por ele há seus afilhados, Bento Ferreira da Costa e João Ferreira da Costa. Reginaldo Correia de Melo, também foi proprietário de terras rurais que se estendiam à margem do riacho, subindo ao planalto pela ladeira que se chamava do Algarve e seguindo a velha estrada do Poço, tendo seu nome fixado num trecho do riacho que corta a cidade (riacho Reginaldo).


No fim do regime colonial, o povoado já era um grande centro comercial, um ponto central de uma vasta zona agrícola em desenvolvimento, espalhada pelo vale do Mundaú e do Paraíba, cortando os velhos caminhos que levavam ao sertão e a diversos centros açucareiros marginais. O desenvolvimento comercial da povoação ocorreu naturalmente, com a produção procurando a saída mais próxima para o mar. O sitio do padre Antônio da Costa foi se transformando, perdendo o seu aspecto rural e naturalmente virando um ponto comercial. A prosperidade do povoado se fazia pelo comércio. Os comerciantes criaram uma classe dominante; quase todos comerciantes portugueses, viviam de maneira fidalga. Os engenhos ao norte escoavam suas produções por diversos portos, cada vez mais dependentes do comercio do Recife, que recebia toda a produção agrícola da Comarca das Alagoas, para o efeito da exportação direta e pagamento do dízimo à Fazenda Real.


Fonte: Maceió